Entendendo alguns dos principais Fundos de Investimentos – Fundos DI, Fundos
de Renda Fixa, fundos de Ações e Fundos Multimercados. Para começar a leitura desta matéria é importante que você tenha lido a Parte 1 publicada por mim há 20 dias atrás.
Não apenas por ser importante, mas por ser a continuidade de um raciocínio feito para esclarecer as dúvidas mais básicas sobre os principais produtos de investimentos do mercado.
Em Junho, passamos por algumas taxas e índices que são parâmetros de desempenho para o mercado e também falamos de títulos públicos (Tesouro direto) e títulos privados (CDBs, Debentures, LCA, LCI, etc).
Hoje falaremos de fundos de investimentos que utilizam essas taxas e índices como referência de desempenho e que compram títulos públicos e privados, os mais diversos, para compor sua carteira. Calma Igor. O que significa utilizar taxas e índices como referência de desempenho?
Aqui estamos falando daquela palavra muito utilizada no mundo dos investimentos, o famoso “Benchmark”. Vocês já devem ter escutado o seu assessor dizer: “Este CDB rende 110% do CDI”. Pois bem, se o CDI hoje está próximo de 6,5% ao ano, você chegará a conclusão que este CDB renderá perto de 7,1% ao ano (considerando que o CDI permaneça estável em 12 meses). Isso significa que, este CDB, utiliza como “Benchmark” ou “referência de mercado”, o CDI.
Mas o que é um CDB Igor? Favor voltar a Parte 1. Rsrs
Antes de começarmos, o que é um Fundo de Investimento?
Um fundo de investimento é uma forma de aplicação financeira, formada pela união de vários investidores que se juntam para a realização de um investimento financeiro, não possuindo personalidade jurídica, e sendo constituído tal qual um condomínio, visando um determinado objetivo ou retorno esperado, dividindo as receitas geradas e as despesas necessárias para o empreendimento. A administração e a gestão do fundo são realizadas por especialistas contratados. Os administradores tratam dos aspectos jurídicos e legais do fundo, os gestores da estratégia de montagem da carteira de ativos do fundo, visando o maior lucro possível com o menor nível de risco.
Dependendo do tipo de fundo, as carteiras geralmente podem ser mais diversificadas ou menos diversificadas, podendo conter ativos de diversos tipos tais como ações, títulos de renda fixa (CDBs), títulos cambiais, títulos públicos, entre outros. Todo o dinheiro aplicado nos fundos é convertido em cotas, que são distribuídas entre os aplicadores ou cotistas, que passam a ser proprietários de partes da carteira, proporcionais ao capital investido. O valor da cota é atualizado diariamente e o cálculo do saldo do cotista é feito multiplicando o número de cotas adquiridas pelo valor da cota no dia.
Fonte: Exame
O que é um Fundo DI?
Os fundos DI tendem a acompanhar o CDI (Certificado de Depósito Interbancário). Esses certificados são títulos emitidos pelos bancos como forma de captação ou aplicação de recursos excedentes. O CDI representa a taxa de juros aplicada nos empréstimos interbancários. Portanto, para tentar acompanhar esse rendimento, já que o CDI não é negociado para pessoas físicas (ao contrário do CDB), os fundos DI investem em títulos pós-fixados, como os títulos indexados pela SELIC. Assim eles acompanham a taxa de juros do mercado, refletindo proporcionalmente o CDI. Na situação atual do Brasil, os investidores estão saindo desses fundos e buscando melhor rentabilidade em fundos de Renda Fixa (mais conservadores) e fundos Multimercados e de Ações (mais arrojados). Ou até mesmo, investindo diretamente no Tesouro Direto para fugir das taxas de administração dos bancos grandes.
O que é um Fundo de Renda Fixa?
Os fundos de investimento em renda fixa podem investir apenas em títulos pré ou pós fixados. Ou seja, dependendo do tipo de fundo, ele poderá investir em Títulos do Tesouro, Debêntures, Letras de Crédito e/ou Certificados de Depósito Bancário (CDB).
Nesta categoria de fundo, diferente dos fundos DI, já começamos a encontrar boas opções para investidores conservadores e até para os mais arrojados que precisam ter algum recurso alocado em investimentos conservadores. Geralmente esses fundos montam suas carteiras fazendo um mix de títulos públicos, CDBs, Debentures e outros títulos de renda fixa que os permitem entregar um rendimento acima dos Fundos DI e do próprio CDI (utilizado como Benchmark).
O que é um Fundo de Ações (FIA)?
Fundos de ações são fundos de investimento que têm como principal fator de risco a variação de preços de ações admitidas à negociação em mercado organizado. Como os demais, contam com um gestor profissional, a quem cabe definir a alocação dos recursos. Eles são uma forma mais simples de investir na bolsa de valores, já que você não precisa escolher em quais empresas colocar seu dinheiro. Nos fundos de investimento cabe ao gestor a decisão sobre a alocação do patrimônio do fundo. Dessa forma, os fundos de ações funcionam sem a participação ativa do investidor e o trabalho de escolha dos papéis e a alocação exata dos recursos são de responsabilidade do gestor, que cobra uma taxa de administração para o desempenho dessa função. Você, doutor, que não tem tempo para escolher na bolsa quais ações comprar, pode deixar na mão de um gestor capacitado para fazer isto por você. Além da taxa de administração, em alguns casos o gestor pode cobrar uma taxa de performance. Caso o índice predefinido (Benchmark), como meta a ser superada pela rentabilidade do fundo (como o Ibovespa), seja batido, há o pagamento de um percentual pré-definido para o gestor. E não pense que isso é ruim. Um fundo que paga taxa de performance é um ótimo sinal, pois significa que o mesmo está rendendo acima do seu benchmark, ou seja, todos ganham.
Não pense aqui que fundo de ações são apenas para investidores dispostos a correr grandes riscos. Estes devem estar na composição da carteira de todo o tipo e perfil de investidor.
O que é um Fundo de Investimento Multimercado (FIM)?
Um fundo multimercado é uma categoria de fundo de investimento que tem uma política de investimentos determinada a mesclar aplicações de vários mercados, como renda fixa, ações, câmbio, entre outros. Ou seja, esses fundos são uma mistura de tudo que acabamos de falar acima. Os fundos de investimento multimercados podem possuir um nível de risco conservador (raros), moderado e agressivo (mais comuns). Esse risco citado é o do fundo ter uma performance abaixo do esperado ou até negativa em um mês. Para esse tipo de risco, os fundos multimercados são mais agressivos do que os de renda fixa, mas ainda são menos agressivos do que os de ações e de câmbio.
Mas então, por que as pessoas estão migrando para o fundo multimercado?
Nessa categoria de fundos é onde encontramos os grandes “players” do mercado financeiro. Os melhores gestores do Brasil e do mundo estão focados nesse mercado. O fundo multimercado não segue as mesmas regras de outros fundos limitados a uma categoria. Por misturar classes de investimento, ele pode ter uma rentabilidade melhor com um risco controlado. Dessa forma, o fundo multimercado dá mais liberdade para o gestor traçar estratégias envolvendo ativos de naturezas distintas, como ações, câmbio e Tesouro Direto.
Assim, o gestor pode ser mais agressivo ou conservador dependendo do mundo, tornando o fundo mais rentável do que a maioria dos fundos de renda fixa. Hoje, trata-se da melhor relação risco-rentabilidade entre os fundos de investimento.
Para se ter uma ideia, em 2017, os fundos multimercados receberam mais de R$ 400 bilhões em novas aplicações. Muito por conta da realidade da economia brasileira que agora com a taxa SELIC nos níveis atuais, fazem a poupança e os fundos DI deixarem muito a desejar em termos de rentabilidade.
Chega né?
Acredito já ter me estendido demais. Então vamos deixar para uma 3ª parte para falar de Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs), Fundos de Investimento no Exterior e os novos produtos que muito se ouve falar, os COEs (Certificado de Operação Estruturada).
Igor Cruvinel
Diretor/Concierge de Investimentos na Doc Concierge