Entenda as taxas e índices que são utilizadas como parâmetro (benchmark)
para a grande maioria dos produtos do mercado financeiro. Nesta 1ª parte
falaremos de títulos públicos e privados mais conservadores.
A ideia aqui não é torna-lo um guru dos investimentos, mas dar uma noção do que são
alguns dos diversos produtos de investimentos que o mercado financeiro pode te
oferecer. Antes de falar dos produtos em si, vou citar algumas taxas e índices que são
parâmetros de desempenho para o mercado.
Taxa Selic – É a taxa definida pelo Copom (Comite de Politica Monetária) que remunera
alguns títulos públicos emitidos pelo Governo Federal. Também é utilizada como
instrumento para combater a inflação. O Banco Central aumenta esta taxa quando a
inflação está alta, freando o consumo e o crédito, e reduz quando a inflação está baixa
para estimular a economia. Obviamente que sozinha ela não é capaz de resolver um
problema econômico. Atualmente esta taxa está em 6,5% ao ano, a menor da história
do Brasil.
CDI (Certificado de Depósito Interbancário) – É um título de emissão dos bancos, que
lastreia as operações do mercado interbancário, ou seja, transações entre eles. O CDI
anda sempre colado na Taxa Selic, entre 6,35% e 6,65% ao ano no atual cenário.
Amplamente utilizado como benchmark (meta) no mercado de fundos de
Investimentos.
IPCA ( Índice de Preços ao Consumidor Amplo) – Considerado o índice oficial de inflação
do país, medido mensalmente pelo IBGE, foi criado com o objetivo de oferecer a
variação dos preços no comércio para o público final. Também é utilizado como meta
para alguns títulos públicos e fundos de investimentos. Atualmente este índice está
marcando 2,9% nos últimos 12 meses. Este é o índice que, caso saia do controle (para
cima ou para baixo), o Banco Central altera a taxa Selic para tentar fazer este índice
voltar para a meta ( 4,5%).
Agora vamos falar dos produtos. Vou começar por ordem crescente de risco, lembrando
que quanto maior o risco assumido, maior pode ser o seu retorno, e, quando pensamos
no Longo Prazo, essa máxima se torna praticamente um axioma.
Antes, se me permitem, vou excluir dessa lista a poupança que, por uma opinião pessoal,
me recuso a considerar investimento. Sempre que a taxa Selic estiver abaixo de 8,5% ao
ano, o rendimento da poupança vai ser equivalente a 70% dela. Essa taxa está agora em
6,5% ao ano, o que gera uma remuneração anual para a poupança de 4,55%, ou mensal
de 0,37%. Só que esse seria o rendimento se o juro básico da economia permanecesse
em 6,5% ao longo de todo ano. Quando a taxa de juros (Selic) fica acima ou igual a 8,5%
ao ano, a caderneta tem rendimento de 6,27% ao ano, sendo 0,5% ao mês mais o valor
da Taxa Referencial (Taxa próxima a zero que não merece atenção).
O que é um Título do Tesouro ou Título Público Federal?
O Governo brasileiro, assim como uma empresa, precisa se financiar, ou seja, pegar
dinheiro emprestado. Assim, qualquer pessoa física pode adquirir um título através de
uma emissão de títulos do Tesouro. Para motivar as pessoas a comprar seus títulos, o
governo paga juros.
Estes títulos públicos possuem as mais diversas remunerações e vencimentos. Vou citar
apenas os mais comuns. O Tesouro Selic (LFT) pós-fixado, indicado se você acredita que
a tendência da taxa Selic é de elevação, já que a rentabilidade desse título é indexada à
taxa de juros básica da economia. O Tesouro Pré-Fixado (LTN) que pagam uma taxa fixa
ao ano determinada na data da compra do título que não será alterada até seu
vencimento. E o Tesouro IPCA + (NTN-B), ele proporciona rentabilidade real, ou seja,
garante o aumento do poder de compra do seu dinheiro, pois seu rendimento é
composto por duas parcelas: uma taxa de juros prefixada e a variação da inflação (IPCA).
Desse modo, independente da variação da inflação, a rentabilidade total do título
sempre será superior a ela. A rentabilidade real, nesse caso, é dada pela taxa de juros
prefixada, contratada no momento da compra do título.
Lembrando que se a sua intenção não for segurar até o vencimento, ou seja, for um
dinheiro que você talvez tenha que usar no curto prazo, apenas o Tesouro Selic é
indicado. Os outros títulos, entre a data da compra e o vencimento, podem apresentar
grande volatilidade, logo é indicado que espere até o vencimento.
Estes títulos são considerados pelo mercado como investimentos livre de risco, ou seja,
risco zero.
Vejam os títulos mencionados no quadro abaixo.
O que é um CDB?
O CDB (certificado de depósito bancário) é um título que os bancos emitem para se
capitalizar – ou seja, conseguir dinheiro para financiar suas atividades de crédito.
Portanto, ao adquirir um CDB, o investidor está efetuando uma espécie de
“empréstimo” para a instituição bancária em troca de uma rentabilidade diária.
Exatamente como os títulos públicos, mas nesse caso não é público porque não é o
Governo que emite (adorei essa frase), mas sim as instituições financeiras.
Existem três tipos principais de CDB: o prefixado, o pós-fixado e os que pagam juros mais
um índice de inflação. Os mais comuns são os 2 primeiros.
No primeiro, o investidor negocia com o banco uma taxa predefinida e, durante a
vigência daquele título, receberá sempre a remuneração que foi acordada. Veja abaixo.
Oferta de CDBs Pré-Fixados
O tipo mais comum de CDB, no entanto, é o pós-fixado. Neste caso, a rentabilidade do
investimento é baseada em alguma taxa de referência. A principal delas é o CDI
(certificado de depósito interbancário), que está sempre muito próxima da Selic (como
foi dito no começo da matéria).
Isso quer dizer que, ao comprar um CDB pós-fixado, você terá uma rentabilidade
parecida com a Selic. Mas é preciso se atentar ao seguinte: o percentual que será pago
do CDI não é fixo e pode variar de banco para banco, dependendo do valor investido e
da negociação efetuada. Existem instituições que oferecem uma rentabilidade de 70%
do CDI enquanto outras chegam a pagar 115%, por exemplo. Por isso, a dica é pesquisar
antes de decidir por uma ou outra aplicação. Claro que o percentual pago aumenta junto
com o risco do banco emissor.
No entanto, para se livrar desse risco, leve em consideração na hora de optar por um
CDB o fato de esta aplicação ser garantida pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito) até
o limite de R$ 250 mil. Caso o banco emissor do CDB quebre, o investidor tem a
segurança de ter até este valor garantido pelo fundo. Veja exemplo de CDBs Pós-Fixados:
Oferta de CDBs Pós-Fixados
Outro tipo de CDB é aquele cuja remuneração varia de acordo com um índice de inflação
(principalmente o IPCA) e uma taxa de juros prefixada. Então o investidor pode ganhar,
por exemplo, IPCA mais 5% ao ano para comprar e segurar o papel.
O que é uma LCA?
As LCA (Letras de Créditos do Agronegócio) são títulos emitidos por bancos garantidos
por empréstimos concedidos ao setor de agronegócio. Esses títulos foram criados pelo
governo com objetivo de ampliar os recursos disponíveis ao financiamento
agropecuário.
A rentabilidade da LCA pode ser definida por taxa de juro pré ou pós-fixada. No caso da
LCA prefixada, o investidor sabe qual será a remuneração no momento da compra do
título. Já quando adquire uma LCA pós-fixada (mais comum no mercado), a rentabilidade
geralmente é baseada em um percentual do CDI. Isso quer dizer que, no caso da LCA
pós-fixada, quanto mais alta estiver a Selic, maior será a rentabilidade do título, e vice-versa.
A LCA tem como uma das principais vantagens o fato de ser isenta de Imposto de Renda.
Dessa forma, a rentabilidade líquida para o investidor é mais alta. Além disso, a aplicação
também é garantida pelo FGC até o limite de R$ 250 mil, em caso de “quebra” do banco
emissor. Para quem quiser investir mais do que R$ 250 mil em LCA, a dica é aplicar em
títulos de instituições diferentes, garantindo mais segurança.
Resumindo, se não fosse destinada a fomentar a agricultura e não tivesse isenção de
Imposto de Renda, seria um CDB. E exatamente por ter esta isenção de IR dificilmente
você verá uma LCA que te pague mais que 95% do CDI.
E a LCI?
A LCI (Letra de Crédito Imobiliário) é um título de renda fixa emitido por um banco e
lastreado por empréstimos imobiliários. Tem as mesmas características da LCA.
O que é uma Debenture?
As debêntures são uma das maneiras mais antigas de captar recursos por meio da
emissão de títulos, no Brasil e no mundo. Em poucas palavras, podemos dizer que é
como um empréstimo que o investidor faz a uma empresa, tornando-se credor dela e
passando a receber juros. Os rendimentos podem ser pré, pós-fixados ou híbrido.
Debêntures incentivadas: são usualmente emitidas por empresas que realizam projetos
de infraestrutura que trazem benefícios para a população, como estradas, ferrovias,
aeroportos, etc. Elas têm a vantagem da isenção de Imposto de Renda, assegurada pelo
governo federal como forma de incentivar essas obras.
As debêntures são ótimas alternativas de diversificação de investimentos pois seus
rendimentos, em comparação com as aplicações de renda fixa mais comuns, costumam
ser maiores. Mas não a toa é o ultimo da lista de hoje ( no começo da matéria disse que
explicaria em ordem crescente de risco), retornos maiores implicam em riscos maiores.
Espero que tenha ajudado a entender um pouco sobre os títulos de renda fixa mais
comuns no mercado de investimentos, provavelmente os que vocês mais escutam falar.
Em nossa próxima matéria falaremos sobre Fundos de Investimentos.
Forte abraço,
Igor Cruvinel
Diretor/Concierge de Investimentos na Doc Concierge