Afivelem seus cintos de segurança e aproveitem para deixar à mão as máscaras de oxigênio

01 jun

Maio chegou para mostrar que tudo o que aconteceu nos 4 primeiros meses do ano foi apenas o início romântico de um filme de drama com pitadas de suspense!

O ano de 2018 começou dando sinais de que seria “O ano” da recuperação. Em Janeiro a bolsa de valores subiu impressionantes 11,14%, o dólar fechou a R$ 3,18 com queda de 4% no mesmo mês, fundos multimercados ganhando de lavada do CDI, celebridades (e também sub-celebridades) do mercado financeiro dizendo que esse ano o Brasil decolaria e buscaria voos mais altos. De fato decolamos, mas este “avião” parou de subir e se encontra agora numa zona nebulosa e de fortes turbulências, sem muita previsão de quando atingir sua altura de cruzeiro.

Em minha última matéria disse que falaríamos dos tempos difíceis que iriamos enfrentar. Pois bem, vamos a eles, de forma clara e com a visão de INVESTIDOR. Não quero aqui encarnar um cientista político nem econômico e muito menos um militante a favor deste ou daquele ser ou método.

1º – Economia brasileira ainda patina (parte dramática do filme)

O PIB do Brasil que caiu 3,77% em 2015, 3,60% em 2016 e se recuperou apenas 1% em 2017, começou 2018 não animando nem os mais otimistas. O PIB do 1º trimestre de 2018 marcou crescimento de apenas 0,4%. E isto graças ao setor Agropecuário que subiu 1,4%. Indústria e Serviços subiram míseros 0,1%. Apenas a título de curiosidade, nossa economia encontra-se no mesmo patamar de 2011. Enquanto a economia global, há cerca de 5 anos, experimenta um ciclo de crescimento generalizado que não se via há muito, o Brasil perdeu esse trem e agora busca alcança-lo de carroça.

* Fonte: Banco Mundial, IBGE.

A atividade econômica no Brasil vem mostrando dificuldade de engatar um ritmo sustentado de crescimento, apesar da inflação e juros baixos, com o desemprego ainda elevado. Existe grande capacidade produtiva ociosa na indústria, capaz de permitir um crescimento sem inflação por um período longo. No entanto, os empresários continuam receosos em investir em produção, o consumo ainda continua estagnado e a confiança do consumidor caiu no mês de Maio. E para aguar de vez o chopp do mercado, o governo veio pela 4ª semana consecutiva reduzindo a expectativa de crescimento para 2018 (saiu de 2,90% para 2,37%). Se considerarmos a greve dos caminhoneiros, as novas projeções para o PIB já vão ficar abaixo de 2%, estimando-se uma perda de 25 a 50 bilhões de reais.

Tudo isto fez com que o mês de Maio terminasse como um dos piores meses em muito tempo para o mercado de investimentos. A Bolsa perdeu em um mês (queda de 11%), tudo que havia ganhado em 4 meses. Fundos multimercados devolveram os ganhos do ano todo (boa hora para avaliar qual deles sangrou menos). Os títulos do governo perderam 4% de valor em média (boa hora para montar uma estratégia de longo prazo em pré-fixados). Não suficiente, o dólar disparou.

Toda essa montanha russa de emoções no mercado nem chegou ao seu auge ainda. As Eleições Presidenciais de Outubro.

2º – Eleiçoes Presidenciais (muito suspense até Outubro)

O clímax deste filme talvez sejam as eleições de outubro, cujo cenário ainda está bastante aberto poucos meses antes do pleito.

Sendo bem claro e sem qualquer viés ideológico, politico ou econômico, os candidatos que hoje estão no páreo, não são bem vistos pelo mercado “nem aqui, nem na China” (ou em qualquer outro lugar do globo), fazendo com que este furacão que começou nesse mês de Maio, fique rondando o Brasil até o final do ano. Seja quem for o futuro presidente, para agradar o mercado, terá que adotar uma agenda pró-reformas (previdência, tributária, política, etc) logo de início. Em resumo, o que o mercado espera é que o próximo presidente tenha austeridade e eficiência na gestão do País, e, se não for pedir muito, evite a máxima do “rouba mas faz”. Como ainda não apareceu nenhum candidato capaz de cair nas graças do mercado, esse parte do filme mais parece estar virando uma novela de Manoel Carlos.

Isto posto, na hora de escolher seus investimentos, priorize aqueles que foram bem em meses difíceis como este e não os que subiram 7% nos 4 primeiros meses do ano (algo que quase todos conseguiram). E se possível, proteja suas aplicações com um pouco de dólar ou ouro.

3º – Guerra Comercial EUA x China

Esta é uma verdadeira novela mexicana que já vem desde 2007 se desenrolando. Naquele ano, o secretário do tesouro americano assumiu com a missão de reduzir o déficit comercial do país com a China. Para isso, o Departamento de Comércio americano fez sua 1ª ameaça para sobretaxar a importação de papel da China. Nada foi adiante. Em 2012, durante a campanha presidencial, Obama e Romney discutiram as práticas comerciais da China. Em 2016, na eleição, Trump chega a ameaçar elevar para 30% a tarifa sobre todos os produtos chineses.

O que até então eram apenas ameaças, virou realidade. Em Março deste ano, como um filho preterido querendo chamar a atenção, Trump impôs  sobretaxas ao aço e alumínio importado de vários países e anunciou tarifas de US$ 50 bilhões sobre 1,3 mil produtos chineses, alegando violação de propriedade intelectual. Em resposta a taxação, a China impôs tarifas de 25% sobre 128 produtos dos EUA, como soja, carros, aviões, carne e produtos químicos.

Com menos de 1 mês das novas taxas, os 2 protagonistas percebendo que nesta guerra ninguém sairia vencedor, resolveram se reunir neste mês de Maio e anunciaram um acordo suspendendo a cobrança das novas tarifas. Por enquanto, panos quentes foram colocados nessa guerra. Mas estamos atentos aos novos capítulos.

Não preciso dizer quão prejudicial o avanço desta guerra seria para o mundo todo e principalmente para o Brasil, que tem nesses 2 países, seus principais parceiros comerciais. A guerra pode levar a uma escalada de tarifas, aumentar os custos as exportações e gerar um ciclo de diminuição do comércio internacional. Por tabela, isso freia o crescimento econômico global.

Em resumo, o mercado brasileiro está muito exposto ao impasse entre EUA e China, e isso tende a ser mais um fator de turbulência para seus investimentos no curto e médio prazo.

E Agora…?

Então Igor, é melhor deixar meu dinheiro debaixo do colchão? Não.

Há quem saiba ganhar dinheiro em tempos difíceis. Os próximos 3 meses darão um ótimo sinal de investimentos capazes de gerar rentabilidade bem acima dos míseros 6,5% ao ano do CDI mesmo nas dificuldades apresentadas pelo mercado.

A despeito de tudo que falei aqui, sigo muito confiante no Brasil no longo prazo. A defasagem da nossa economia em relação as outras fará com que os investidores ao redor do mundo virem os olhos para nós assim que as coisas acalmarem por aqui. Acredito que passadas as eleições, teremos um bom ciclo de crescimento ordenado. Até lá….

Fiquemos atentos!

Forte Abraço,

Igor Cruvinel

Diretor Concierge de Investimentos na Doc Concierge

 

 

 

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